domingo, 17 de julho de 2011

Busca... (Roberto Rodrigues de Menezes)



Procuro-te, meu  Deus, em todo canto,
nas horas de tristeza ou de alegria.
Talvez no sol dourado deste dia,
ou quando a noite desce com seu manto.

Procuro-te Senhor, mas não te vejo,
talvez porque não seja mais menino.
Da terra sofredor um peregrino.
Difícil mitigar este desejo.

Quem sabe no poder de algum senhor,
Quem sabe na ilusão do desvalido,
ou mesmo na desgraça do vencido.
Talvez no esbravejar do vencedor.

Mas sei que não te vejo nos crescidos,
que não cultivam a chama da esperança.
Mais fácil te encontrar numa criança,
que neste mundo errado de perdidos.

Procuro-te na flor, policromia;
no sol, que abrasa a terra toda ardente,
no ameno sussurrar da brisa quente,
ou vésper, que diz que é findo o dia.

Talvez na lua pálida, sozinha
rainha de mil noites de incerteza.
Talvez na dor pungente da nobreza.
Quiçá no cintilar de uma estrelinha.

Procuro-te no verde das colinas,
no pólem perfumado das abelhas,
no fogo, que produz fulvas centelhas,
nos mais profundos pélagos das minas.

Procuro-te no azul do mar sereno,
nas ondas, leito imenso das espumas,
no vento, que percorre as brancas brumas,
na relva, umedecida de sereno.

Quem sabe no raiar da madrugada.
Quisera ter certeza, dom sublime.
Tão bela sensação que o mal redime.
Achar no azul do céu tua morada.

Os templos, de silêncio tão cobertos,
são límpidos vitrais que te retratam.
Nas guerras, nos governos que te matam,
jamais te encontrarei, disso estou certo.

Talvez no burburinho da cidade,
nos túneis, nos metrôs, nas acenidas.
Metrópoles que fazem amarga a vida.
Ali não pude achar-te, divindade.

Busquei a tua voz no meu passado.
E vi que estavas lá, onipotente,
E pude perceber-te no presente,
ao descobrir alguém bem do meu lado.

Enfim, não mais descri, augusto instante.
Sentir tua presença na verdade,
é ter, grandioso ser, capacidade
de ver que és Deus em cada semelhante.

Em toda parte estás, percebo agora.
No mar, no céu, na bruma alvinitente.
No pássaro que voa docemente.
Encanto que a maldade não devora.

Percebo-te, meu Deus, em todo canto,
nas horas de tristeza ou de alegria.
Estás no sol dourado deste dia,
na noite, que me cobre com seu manto.

Mentor desta perdida humanidade,
suplico teu perdão com voz fremente.
Senhor de todos nós, em ti somente,
a terra encontrará felicidade. 

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